HISTÓRICO

AS CORPORAÇÕES MUSICAIS DE PARAIBUNA 


Em março de 2005, o Sr. Mário Santos, um dos membros da Corporação Musical São Benedito, escreveu um capítulo sobre a história das bandas de Paraibuna. Ele contou que, em 1930, havia dois grupamentos musicais, divididos pela classe social.

“Na Rua da Bica ficava a Corporação Musical São Benedito, comandada por Sr. Arlindo, famoso músico, pai do João Pistão, que foi dono e maestro da banda de Santada do Parnaíba. A banda era composta por: Arlindo, João Pistão, Osmar, João Pão Doce, Antonio Cervino, Galo, Gradin, Américo Faria e outros. Esta corporação usava um uniforme em que a calça era branca (ou quase branca), o paletó azul escuro, a camisa branca, a gravata preta e o quepe azul escuro. Os uniformes sovados já estavam gastos de tantas apresentações”, relatou o sr. Mário, acrescentando em seguida que “a outra corporação era a Santo Antonio, composta por: Ditão, Dolvo, Buridan, Vicente Maia, José Davi, Arouca, Dito Faria (que mais tarde foi maestro), Carioca, Nino, João Camargo e outros. Esta corporação tinha o uniforme impecável, os instrumentos niquelados em ótima aparência. A rincha era grande, mas as duas sobreviviam.”



Segundo o sr. Mário, em 1938, as duas corporações se reuniram, ficando apenas a São Benedito. “Nesta época o prefeito criou uma verba para o maestro. Só para o maestro: 1000 reis para reger, ensinar músicas e fazer arranjos. As partituras eram emprestadas da banda militar e tiravam cópias de punho. Eram mais de dez cópias com o prazo de quinze dias para devolver. Em 1940, o Faria passou a ser maestro da São Benedito, onde ficou até 1944. Em 1945, o Osmar passou a ser o maestro e professor de música. Em 1945, surgiu outra corporação musical: a Santa Cecília (no Rosário), sob o comando do Sr. Antonio, professor de ginásio e professor de música”

“Foi assim: o Senhor Antonio Empidio, amante da banda, convidou o prof Antonio para montar uma banda. O professor topou e convidou alguns jovens, que já sabiam um pouco de música, para dar algumas aulas. Enquanto isso, o Sr. Antonio saiu com o livro de ouro para pedir doações para a banda a fim de comprar instrumentos. Com seis meses, saímos pelas ruas tocando músicas fáceis – nas procissões, no Circo Risonho – para ganhar cachê e poder pagar os instrumentos. Em dezembro de 1955, o professor Antonio foi dispensado do ginásio e foi embora. A Corporação Santa Cecília acabou. Os instrumentos, comprados com a ajuda da população, foram doados para a Igreja Matriz de Santo Antonio. Nesta época, a igreja estava em reforma e, por isso, o padre Ernesto os vendeu à Prefeitura. Em janeiro de 1956, nós, músicos da Banda Santa Cecília, fomos convidados para reunir com a Banda São Benedito.”

O Sr. Mário Santos ainda acrescentou que, em 1956, a Corporação Musical São Benedito foi à Taubaté, para o “Concurso de “Banda de todas as Bandas”, onde conquistou o segundo lugar. “Tocamos no auditório da rádio Cacique sobre a Regência de Osmar Moraes . Em 1957, como nos apresentamos bem na cidade, o prefeito e os comerciantes nos deram uniformes que imitavam os do CTA.
"De 1958 a 1960, o deputado Lincoln Feliciano nos deu outro uniforme, em que a calça era azul escuro, camisa azul claro, jaqueta palha , gravata azul escuro e quepe azul escuro. 

Em 1997, o nosso amigo Osmar deu como herança o cargo de Arranjador de Música a seu filho Antonio Moraes”, relatou o Sr. Mário.

Com um tom emocionado, quase no final de seu relato, o Sr. Mário declarou seu amor à música: É uma profissão divina.” E encerrou: “Estas histórias são verdadeiras, contadas por meus amigos que já se foram e por mim. As datas... é preciso confirmar, mas isto é o de menos. Dentro desta história tem mais histórias, chama recheio. Tem recheio alegre e o recheio triste.”

É, o Sr. Mário tem razão ! Há muito recheio e muito por fazer.


Contamos com a colaboração de outros músicos e apreciadores da música para compormos esta bela história e para que todos compreendam a importância da música para a cidade.


Reportagem de Letícia Faria 

A REESTRUTURAÇÃO DA CORPORAÇÃO MUSICAL SÃO BENEDITO 


Em agosto de 2001 constitui-se a Associação Musical e Cultural Maestro Osmar Moraes em homenagem a memória de quem foi, por mais de cinqüenta anos, o maestro da Corporação Musical São Benedito. Deste modo, surge uma personalidade jurídica com a finalidade de ser a instituidora e mantenedora dessa Banda Musical. 
 

Com a finalidade de aperfeiçoamento musical, essa associação iniciou um árduo trabalho de reestruturação do corpo musical devido a ausência de uma política de investimento na área causando o decréscimo da formação de novos músicos e de instrumental.

Em 18 de Março de 2002, por meio da Lei 2140, a Associação Musical e Cultural Maestro Osmar Moraes foi declarada de utilidade pública municipal e por meio da Lei 2153, de 04 de Julho de 2002, a Prefeitura de Paraibuna foi autorizada a celebrar convênio com a Associação Musical e Cultural Maestro Osmar Moraes com a finalidade de aprimorar a Educação Musical e Cultural no município



A partir de então, por meio do convênio com a Prefeitura Municipal de Paraibuna celebrado em 2003, um novo fôlego foi dado a Corporação Musical São Benedito com a garantia de recursos básicos para a sua manutenção, porém insuficientes e descontínuos.



Só a partir de 2005, é que a Prefeitura Municipal de Paraibuna manteve um repasse financeiro contínuo para a Corporação Musical São Benedito possibilitando ensaios semanais com ajuda de custo e transporte aos músicos e apresentações mensais (retretas) em praça pública. A continuidade dos repasses possibilitou a continuidade das ações da Banda.



Além disso, a Corporação Musical São Benedito constituiu parceria, a partir de 2005, com a Fundação Cultural Benedicto Siqueira e Silva de cessão de espaço para ensaios, guarda dos instrumentos, apoio nas apresentações, assessoria de imprensa e elaboração de projetos.


Em 2006, após contatos realizados com o Centro de Música (CEMUS) da FUNARTE encaminhamos informações e documentação necessária para o cadastramento da Associação no cadastro de Bandas de Música da Funarte. 

Texto: William de Oliveira 



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